(18/03/2011)
Minha mãe, pra mim, é sol mesmo quando chove. É chuva, com direito a cheiro de terra molhada do quintal lá de casa, quando tudo fica árido. Silêncio capaz de amansar ruídos que eu não sei como fazer dormir. Voz que me ajuda a acordar esperanças quando elas ficam com preguiça de levantar. Uma presença que sabe acender o meu ânimo quando o breu se esparrama. Primavera para o meu olhar, não importa qual seja a minha estação. Um perfume inigualável. Ela e as coisas todas do mundo dela.
Quando chega, traz lembranças minhas que apenas ela reflete e apenas eu consigo ver. Uma espécie de poema que o sentimento lê em voz alta somente para dentro. Minha mãe foi a primeira que me falou sobre milagres e, sem palavra alguma, me contou sobre Deus. Uma história de amor. Minha mãe é maciez pra minha alma quando a vida se faz áspera e quando não. Um lugar de conforto, onde eu posso ser. Amor, quando as minhas folhas caem e quando floresço.
Estou convencida de que ninguém me conhece melhor do que ela. Sente a emoção da vez, antes da minha voz. Sente quando omito alguma coisa, por mais sofisticados que sejam os meus disfarces. Sente a atmosfera da minhas palavras, antes que eu consiga ou resolva dizê-las. Conhece mais variações de sorrisos, silêncios e olhares meus e suas respectivas mensagens do que suponho mostrar. Ela não me conhece assim porque é versada em psicologia. Minha mãe é versada em mim, desde quando eu ainda nem era eu direito. Parece ser especialista em previsões climáticas. Faz um frio absurdo, de repente, quando não levo o casaco e ela diz pra eu levar. Mas a verdade é que mãe parece mesmo ter um olhar diferente. Capaz de ver coisas que quaisquer outros olhos do mundo não sabem enxergar. Nem os nossos.
Às vezes é preciso que o mundo dê algumas voltas e a gente amadureça um pouco para ser capaz de leituras mais amorosas sobre um bocado de coisas. Leituras com braços e coração mais abertos. Lá pelos sete anos de idade, no início daquilo que chamavam de “primário”, eu escrevia frases curtas que me pareciam enormes, recém-alfabetizada que era. Vocabulário restrito, para falar sobre a minha mãe, escrevi várias vezes tudo o que eu podia: “Minha mãe é bonita”. Atualmente, tenho muito mais do que sete anos e, ao longo das décadas, aprendi a escrever frases mais elaboradas, mas esta continua sendo perfeita. Para os meus olhos, as belezas que ela tem são ainda maiores, bem maiores, agora, olhando daqui.
Eu tbm te amo minha flor!!!VC é liiiiiiiiiiiiinda!!
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